Empurrar a pesada porta na rua Dauphine, atravessar o pátio, subir os degraus de madeira cada vez mais gastos até o segundo andar, entrar no atelier …

Por seis décadas, para gerações de artistas, historiadores de arte, curadores de museus e intelectuais de todas as esferas da vida, esse trajeto levando ao estúdio de Arthur Luiz Piza era uma escala imprescindível de uma viagem a Paris. As obras expostas logo na entrada atestam as amizades tecidas e mantidas aqui : um Sergio Camargo ladeia um Cruz-Diez; um excitável de Sérvulo Esmeraldo se engraça para o Zao Wou-Ki, uma coruja readymade de Julio Villani pisca para Lygia Clark.

É esse espaço – impregnado de um forte poder criativo, onde um homem de voz suave e olhar inquieto concebeu e realizou uma obra singular, densa e estimulante – que hoje abriga o Fundo Arthur Luiz Piza.

A estrutura, imaginada pelo artista e sua esposa Clelia Dente Piza, tem por missão a conservação, proteção e divulgação ao público da obra de Piza, além do inventário de sua produção – abrangendo quase 70 anos de uma rica atividade – no intuito de realizar seu Catálogo Raisonné.